O amor que alimenta

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Nesta Semana Mundial do Aleitamento Materno, a COOPED traz a história de Emilly e Valentina, mãe e filha que juntas mostram a beleza e a importância da amamentação.

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Valentina Gama Aragão Rocha é um bebê saudável de dois meses de vida. É a primeira filha da fotógrafa Emilly Gama, de 23 anos. Nascida com 3,2kg em um parto natural, Valentina cresce em um ambiente com carinho. Sua alimentação é a mais indicada para todos os bebês: exclusivamente leite materno. Esta é uma história que para alguns parece banal, mas, para mãe e filha, é única e bela. Para os pediatras, é o histórico ideal.

A primeira semana de agosto é a Semana Mundial do Aleitamento Materno. O objetivo é estimular a amamentação, para que a história de Emilly e Valentina se repita em cada lar com um bebê, promovendo a saúde infantil.

“Valentina nasceu de um parto humanizado. Assim que nasceu, já a peguei nos meus braços e ela ficou comigo durante uma hora. Naquele mesmo momento, ela mamou pela primeira vez. Acredito que esse primeiro contato facilita muito pra uma boa amamentação”, conta a mãe Emilly. Além dos benefícios afetivos, o aleitamento na primeira hora é vital.

Segundo informações do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, a amamentação imediata, na primeira hora desde o nascimento, pode prevenir 20% das mortes de crianças por causas evitáveis. Globalmente, isto seria mais de 500 mil menores todos os anos e mais de 1,5 mil por dia. Apesar dos benefícios comprovados, menos de 50% dos recém-nascidos no mundo são amamentados em sua primeira hora de vida. E apenas 38% das crianças com menos de seis meses são alimentadas exclusivamente pelo leite materno durante esse tempo.

Relação mãe e filha

Se os benefícios da amamentação para a saúde das crianças é evidente, as vantagens emocionais são imensuráveis e igualmente (ou mais) importantes.

IMG_20140708_122532Emilly Gama acredita que a alimentação de Valentina – exclusivamente leite materno e por livre demanda – fortalece a intimidade mãe e filha. “Ajuda a gente a se reconhecer aqui do lado de fora e a fortalecer nossa relação. Não imagino como é dar uma mamadeira a um bebê. Para mim isso parece muito distante. Teve dias, aflitos, que cogitei. Mas desisti no mesmo segundo. Jamais quero perder esse contato tão direto que ela tem comigo, esse momento que ela entende que é só meu e é só dela, por mais que tenha suas dificuldades”, argumenta.

“Um começo de vida melhor surge com a amamentação”, resume o diretor-executivo do Unicef, Anthony Lake, que destaca também o valor familiar e social do ato. Ele aponta que o aleitamento materno é uma das formas “mais simples, inteligentes e com melhor relação custo-benefício de apoiar crianças mais saudáveis, famílias mais fortes e crescimento sustentável”.

O tempo do bebê

O Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) indica que a mãe não precisa se preocupar em definir horários para a amamentação, e sim deixar que seu bebê decida e mame quando e quanto quiser. É a chamada amamentação por livre demanda, que respeita o tempo e o corpo do bebê, além de ser positiva para que ele aprenda a lidar com a saciedade, o que previne a obesidade infantil.

IMG-20140604-WA0004Este modelo exige dedicação e, claro, apresenta dificuldades. Mas há motivos de sobra para insistir. Emilly e Valentina seguem esta prática. “A dificuldade que tive foi um pouco emocional. Vi que realmente, não teria tempo de mais nada. Sou muito elétrica e tive que diminuir o ritmo, aceitar que agora o tempo é outro. Me vi surpresa. De repente havia um ser que dependia diretamente de mim para viver. No começo , ela passava o dia no peito, ela precisava saber que eu estava ali e que não estava só. Hoje ela mama em intervalos mais regulares, mas ainda em livre demanda”, explica Emilly.

Instinto maternal

A jovem mãe, um exemplo do que os pediatras indicam para os cuidados com o aleitamento materno, resume a amamentação como um instinto no qual as mães devem apostar. “O que posso dizer para as mães é que sigam seus instintos e não deixem a opinião dos outros as contaminar. Ouvi muito que não ia conseguir amamentar. Hoje amamento tanto que tiro o leite para guardar e doar. Não somos diferentes dos outros mamíferos, nascemos com a capacidade de amamentar nossos filhos. É saudável e além disso não se trata só de alimentação. No colo eles encontram segurança, amor, calor, afeto e também o alimento que procuram. Amamentar é alimento, mas não só de comida, é também de amor”.

Fotos: Arquivo pessoal

Dados: Unicef

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